Estadão desmente fake news sobre resultados da Previ

Estadão desmente fake news sobre resultados da Previ

O que estão compartilhando: que o Fundo de Pensão dos Funcionários do Banco do Brasil (Previ) teria perdido R$ 40 bilhões entre o final do governo de Jair Bolsonaro (PL) e os dois primeiros anos da gestão de Luiz Inácio Lula da Silva. Com o ex-presidente, o fundo tinha registrado lucro de R$ 21 bilhões. Agora, com o PT, o rombo é de R$ 19 bilhões.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é enganoso. Na realidade, o Previ registrou superávit de R$ 4,7 bilhões em 2022, final do mandato de Bolsonaro. O dado mais recente divulgado durante a gestão de Lula, de novembro de 2024, mostra que o superávit agora é de R$ 528 milhões. Ou seja, a perda não foi de R$ 40 bilhões, e sim de R$ 4,2 bilhões. Todos esses números se referem ao resultado acumulado do fundo, ou seja, o consolidado que considera todos os resultados anuais.

O vídeo analisado é do apresentador Paulo Echebarria no canal Mundial Telenotícias. Ele foi procurado, mas não respondeu até a publicação da checagem.

Quais foram os resultados da Previ nos governos Bolsonaro e Lula?

O “lucro” de R$ 21 bilhões na Previ, citado no vídeo, é de abril de 2021. Naquele mês, foi anunciado que o Plano 1 alcançou um superávit acumulado de R$ 21,65 bilhões. Ocorre que o resultado anual (quando é analisado o período de janeiro a dezembro) de 2021 foi negativo em R$ 14,8 bilhões. Isso impactou no resultado acumulado para aquele ano, resultando em um índice negativo de R$ 900 milhões.

A Previ informou ao Verifica os resultados anuais e acumulados dos últimos sete anos. Os valores foram confirmados pela reportagem nos relatórios anuais da entidade, com exceção do documento de 2024, que ainda não foi disponibilizado. Veja abaixo.

Pelo gráfico, é possível ver que o pior resultado anual do Plano 1 da Previ foi em 2021, quando houve déficit de R$ 14,8 bilhões. Esse número, no entanto, pode ser superado pelo de 2024. No gráfico, consta o resultado até novembro do ano passado; ainda não há dados para dezembro. O melhor resultado anual foi em 2020, quando o fundo registrou superávit de R$ 11,5 bilhões. Tanto o melhor como o pior resultado anual foram registrados na gestão de Bolsonaro.

Quanto ao resultado acumulado, o pior desempenho foi em 2020, quando o saldo foi negativo em R$ 900 milhões. O melhor resultado foi alcançado em 2023, com R$ 14,5 bilhões.

Previ alega que há caixa para pagar os benefícios

Em entrevista ao Estadão/Broadcast, o presidente da Previ, João Fukunaga, argumentou que a entidade chegou a novembro com superávit de R$ 528 milhões e negou haver prejuízo. Ele alegou que déficit não é o mesmo que prejuízo e que não há risco de pagamento de contribuições extraordinárias pelos associados ou pelo Banco do Brasil, que patrocina o plano.

Sobre o resultado anual de R$ 14 bi negativos até novembro de 2024, o presidente justificou que foi um ano de maior volatilidade do mercado e, por isso, o rendimento ficou menor que nos anos anteriores. Fukunaga culpou sobretudo ações desvalorizadas da Vale.

Conforme ele, 30% dos recursos da Previ estão investidos em renda variável e, destes, 42% estão em ativos da mineradora. No entanto, disse ele, não houve necessidade de vender ativos e a Previ recebeu dividendos, com caixa suficiente para pagar os benefícios.

O presidente destacou, ainda, que a entidade tem uma carteira relevante de títulos marcados a mercado, que podem ser vendidos caso necessário. Essa modalidade de título indica o quanto você pode receber caso decida resgatar um investimento antes do vencimento, por exemplo.

A Previ informou ao Verifica que o Plano 1 tem R$ 243 bilhões em patrimônio e afirmou que oscilações nos resultados são comuns. Atualmente, o valor anual pago em benefícios aos associados é de mais de R$ 16 bilhões.

Esse montante, assim como outras despesas, já está descontado do resultado acumulado divulgado anualmente. Ou seja, o meio bilhão consolidado em novembro passado é uma “sobra”.

Nesse contexto, a Previ alega que o plano se encontra em equilíbrio e tem recursos suficientes para pagar todos os associados. “Não há que se falar em rombo, prejuízo ou risco de insolvência”, disse.